Conheça agora a fascinante trajetória do educador Afonso Pereira da Silva, um renomado jurista cuja verdadeira vocação transcendia os limites de sua profissão. Além disso, seu coração pulsava com a energia da educação, o que o impulsionava a desenvolver todas as potencialidades dos indivíduos. Ele se destacava como um verdadeiro mestre, sendo também um pedagogo apaixonado e um formador de mentes brilhantes.
A palavra “educação”, originária do latim (educere), carregava consigo um significado profundo, ou seja, extrair, desenvolver, criar, nutrir e elevar ainda mais. Desse modo, para o Professor Afonso Pereira, a educação era uma força vital que fluía em suas veias. Tal força o guiava a trilhar caminhos que não apenas elevavam a mente e o espírito das pessoas, mas também nutriam o potencial humano. Sua apaixonada dedicação à educação era alicerçada no próprio coração, manifestando-se em ações benéficas e concretas voltadas para o progresso humano.
Durante a notável jornada de vida de Afonso Pereira, grande parte dessa caminhada foi dedicada a educação. Entretanto, sua atuação não se limitou apenas ao campo educacional; ela abrangeu todos os aspectos da vida daqueles que tiveram a sorte de cruzar seu caminho. Se preocupando com as dimensões físicas, espirituais, intelectuais e morais de seus alunos e colegas.
As salas de aula foram seu refúgio, onde ele compartilhou seu conhecimento com jovens estudiosos. Desde os antigos escritórios na Avenida General Osório e na Rua Treze de Maio, até o então sóbrio gabinete no Campus Universitário do UNIPÊ, ele idealizou projetos, redigiu estatutos e regimentos internos para diversas instituições educacionais, assegurando sua regularidade e pleno funcionamento.
Sua criatividade era verdadeiramente admirável, permitindo que ele desenvolvesse estatutos universitários com a mesma habilidade e dedicação com que elaborava regimentos internos para escolas rurais, ginásios e colégios comerciais. Seu currículo detalha todas as escolas que ele criou e estruturou juridicamente, não apenas na Paraíba, mas também no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e até mesmo em São Paulo. Sua dedicação como professor abrangia todos os níveis de ensino, adaptando-se a cada situação sem comprometer a qualidade da educação.
Além disso, o Professor Afonso Pereira teve uma brilhante carreira como docente na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da antiga FAFL (Universidade da Paraíba), que posteriormente se federalizou. Para assegurar sua cátedra em História e Filosofia da Educação, ele elaborou uma tese magistral intitulada “Dos Deveres e da Educação”, aprovada pelo prestigioso Conselho Nacional de Educação. Essa tese fazia parte de sua notável Trilogia. Inspirado pela obra filosófica de Marco Túlio Cícero, o Professor Afonso Pereira explorou os instrumentos e caminhos para um sólido processo educativo, fundindo experiência e tradição romanas.
Segundo Cícero, a educação requer três elementos indispensáveis: natureza, razão e sociedade. Porém, o Professor Afonso Pereira acrescentou um quarto elemento, a cultura, como alicerce de qualquer sistema educacional. Ele enfatizava que a cultura era o que garantia a perenidade do sistema educacional e sua capacidade de adaptação às circunstâncias, sem comprometer a ordem. A cultura era um dos instrumentos mais essenciais que os especialistas em educação não podiam ignorar, pois ela transcendia a civilização e ia além de uma mera técnica. Em tempos modernos, um sistema educacional baseado no dever, na ação e orientado pela ordem natural tinha mais valor do que todas as fórmulas propostas por especialistas e cientistas da educação.
Ao comparar Marco Túlio Cícero e Jean-Jacques Rousseau, o Professor Afonso Pereira destacava suas diferentes concepções sobre a natureza da educação. Cícero tinha uma visão abrangente e direta da sociedade, enquanto Rousseau valorizava a natureza. No entanto, ambos reconheciam a razão como a medida de todas as coisas.
Rousseau rompeu com o passado, concebendo uma educação livre e acreditando que viver de acordo com a natureza era superior a viver de acordo com as normas sociais. Já Cícero refletiu sobre a natureza da educação, escrevendo um código moral e imaginando a formação do homem para a sociedade e o Estado. Preparar os jovens para funções públicas e para o Estado era uma forma de restaurar o antigo prestígio de Roma.
O Professor Afonso Pereira não se intimidava com desafios. Um exemplo marcante ocorreu em 1956, quando foi convidado para proferir uma palestra na então Escola de Agronomia do Nordeste, em Areia, que hoje é o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Campina Grande. Diante da pergunta intrigante do Professor Félix Carvalho sobre como um filósofo, pedagogo e bacharel em Direito poderia entender de agricultura e agronomia, o Professor Afonso Pereira respondeu de forma brilhante. Baseando-se no poema bucólico “As Geórgicas”, do poeta romano Virgílio, ele preparou uma palestra intitulada “Geórgicas, Poema da Agricultura”. Surpreendendo os estudantes, ele fundamentou sua abordagem em um poema clássico, transmitindo a ciência através da beleza poética.
No início de sua palestra, o Professor Afonso Pereira fazia uma confissão sincera e comovente. Ele revelava as lutas enfrentadas ao longo de sua vida, os desafios e a superação das adversidades. Ele expressava que muitas vezes lutara contra sombras, buscando superar as batalhas e desviando os olhos da miséria que não pudera eliminar e do sucesso que não pudera alcançar. O presente não o encantava e o futuro se revelava inalcançável e incompreensível. Ele refletia sobre a era dos adivinhos na determinação dos eventos futuros.
Logo em seguida, o Professor Afonso Pereira proclamava que “As Geórgicas” eram consideradas o mais rico poema didático concebido pelo homem. Verso a verso, o príncipe dos poetas romanos, Publius Virgilius Maro, tecia uma poesia magnífica, embalada pelo ritmo dos espondeus e dátilos. Sua poesia delicada e fluida transmitia a mensagem do repouso tranquilo dos campos, da paixão intensa pela natureza e do amor quase sensual pela terra, pelos animais e pelas plantas. Ele proclamava que “As Geórgicas” deveriam ser o hino oficial dos camponeses e das academias rurais. Agrônomos e técnicos agrícolas deveriam conhecê-lo de cor. Quanta abundância de sentimentos e quão intenso e ávido amor eles herdariam pela terra que generosamente produz frutos, pelas flores que exalam perfumes e pelos animais que fornecem alimento!
A trajetória do Professor Afonso Pereira foi repleta de conhecimento e sabedoria. Além disso, foi um homem que mergulhou em diversas áreas do saber, enriquecendo-se de discernimento e compreensão admiráveis. Sua coragem e habilidade em abordar os mais diversos temas foram inspiradoras. Ele foi um verdadeiro exemplo de como a educação pode transcender fronteiras, unindo conhecimentos aparentemente desconexos para enriquecer a compreensão humana.
Em conclusão, o Professor Afonso Pereira foi um homem cuja paixão pela educação foi palpável e inspiradora. Sua dedicação à formação integral dos indivíduos era claramente visível em cada ação e pensamento que expressava. Dessa forma, reconhecendo a importância da cultura como alicerce de um sistema educacional sólido. Diante de referências filosóficas, entre elas Cícero e Rousseau, Pereira acrescenta profundidade às suas reflexões sobre a essência da educação. Assim, ilustrando seu brilhantismo, além de ultrapassar limites de áreas de conhecimento, como exemplificado por sua palestra sobre agricultura, ancorada em um poema clássico. Nesse sentido, o Professor Afonso Pereira tornou-se um incansável defensor do imenso poder transformador da educação.
Social media