A história da energia solar na Paraíba tem suas raízes na década de 1950, quando professores da Escola Politécnica de Campina Grande começaram a explorar o potencial dessa fonte energética. Em 1955, figuras como Julio Goldfarb e Cleantho da Câmara Torres deram os primeiros passos em um campo que ainda era pouco conhecido. Esses pioneiros sonhavam em estabelecer um laboratório de energia solar em Campina Grande, mas a iniciativa inicial não prosperou.
No entanto, a dedicação de Cleantho da Câmara Torres continuou. Como coordenador do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ele formou um grupo de professores focados no estudo de tecnologias solares. Esse esforço coincidiu com a crise do petróleo nos anos 70, que catalisou a busca por fontes alternativas de energia. Em 1973, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), foi inaugurado o Laboratório de Energia Solar (LES) na UFPB, marcando um divisor de águas para a pesquisa em energia solar no Brasil.
O LES rapidamente se tornou um centro de excelência, atraindo pesquisadores internacionais e desenvolvendo tecnologias inovadoras. Micro-regiões em toda a Paraíba, como João Pessoa, Campina Grande e Cajazeiras, foram selecionadas para estudos solamétricos. Projetos como secadores de frutos, que beneficiaram a produção agrícola local, exemplificaram o impacto prático dessas pesquisas. Em 1973, o LES organizou o II Simpósio Brasileiro de Energia Solar, consolidando sua reputação nacional e internacional.
Infelizmente, a queda dos preços do petróleo na década de 1980 levou ao declínio do LES. A saída de Cleantho Torres e a falta de apoio governamental resultaram na interrupção de muitas pesquisas. Apesar disso, o legado do LES permanece como um testemunho da capacidade inovadora da Paraíba.
Hoje, a Paraíba está vivenciando um renascimento na área de energia solar. Entre abril de 2023 e abril de 2024, a capacidade instalada de energia solar no estado cresceu 33%, atingindo 374,9 megawatts. Esse aumento se deve, em parte, ao maior acesso a financiamentos, que têm tornado mais acessíveis os custos de instalação de sistemas solares. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica coloca a Paraíba em 7º lugar no Nordeste em termos de capacidade instalada.
A produção de energia solar em grandes usinas também posiciona a Paraíba como um dos maiores geradores do Brasil, com 4.437 megawatts em operação, construção ou outorga. Iniciativas como as linhas de crédito específicas oferecidas pelo Sicredi têm facilitado a transição energética, permitindo que mais residências e empresas adotem a energia solar.
O Grupo Rio Alto está à frente de projetos significativos, como o Complexo Solar Santa Luzia, que será o maior parque solar do Brasil, com 1,6 gigawatt de capacidade. Esse complexo, localizado em Santa Luzia e São Mamede, poderá abastecer mais de 1,1 milhão de casas populares. O projeto, com um investimento de R$ 4,1 bilhões, promete gerar 2.000 empregos diretos e terá um impacto econômico e ambiental positivo.
Outro projeto de destaque é o Complexo Solar de Coremas, constituído por dez usinas solares. Desde seu início, o Grupo Rio Alto investiu cerca de R$ 808 milhões e gerou 1.650 empregos diretos. Além da produção de energia, o grupo tem se comprometido com ações socioambientais, como doações para escolas e famílias locais, e a criação de programas de preservação ambiental.
A energia solar na Paraíba não é apenas uma solução energética, mas também um motor de desenvolvimento sustentável. Com investimentos contínuos, incentivos governamentais e iniciativas privadas, a Paraíba se consolida como um polo de inovação em energia renovável no Nordeste. A combinação de avanços tecnológicos, apoio financeiro e uma consciência crescente sobre sustentabilidade posiciona o estado como um líder no setor, pronto para enfrentar os desafios energéticos do futuro com soluções limpas e eficientes.
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